Desde março de 2022, o setor de transporte rodoviário de cargas nos Estados Unidos atravessa sua pior crise: a chamada Grande Recessão do Frete. O cenário, descrito como o mais longo e profundo da história do setor, resultou na falência de inúmeras transportadoras. A análise é do CEO da plataforma FreightWaves, Craig Fuller, e aponta para fatores que servem de alerta ao transporte brasileiro.

Embora a economia de bens em ritmo lento tenha contribuído, o principal fator da crise foi o excesso de capacidade no mercado. Durante a pandemia, tarifas elevadas de frete, incentivos governamentais e crédito barato impulsionaram a criação de novas empresas de transporte, num crescimento acelerado e pouco sustentável. O resultado foi o colapso das tarifas com a entrada desenfreada de novos players no setor.

Com margens cada vez mais apertadas, as empresas recorreram a cortes de custos — principalmente na folha de pagamento dos motoristas. Porém, diante da resistência de profissionais experientes e regularizados, muitos operadores optaram por contratar motoristas sem documentação adequada ou formação técnica compatível com as exigências da profissão.

Craig Fuller relata que diversos motoristas obtiveram licenças comerciais (CDLs) nos EUA sem realizar exames locais, alguns apenas apresentando habilitações estrangeiras sem validação de experiência. O problema foi agravado pela baixa proficiência em inglês, o que comprometeu a comunicação, a segurança operacional e o cumprimento das normas.

Fonte: Craig Fuller, CEO da FreightWaves – Trucking’s historic slump: How overcapacity and undocumented drivers reshaped the industry (26/05/2025).

Sobre o SETCERGS

O Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul – SETCERGS foi fundado em agosto de 1959 e é o órgão de representação sindical patronal do transporte rodoviário de cargas com base territorial na maior parte do Estado do Rio Grande do Sul.