Empresários e representantes de instituições reforçam a urgência de investimentos estruturais e governança técnica na logística gaúcha
O debate sobre o futuro da infraestrutura e da mobilidade no Rio Grande do Sul ganhou força na manhã desta quinta-feira (30/10), durante o segundo dia do Workshop do Plano Estadual de Logística de Transportes (PELT-RS), realizado na sede do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Rio Grande do Sul (SETCERGS), em Porto Alegre. Promovido pelo Governo do Estado, por meio das Secretarias Estaduais de Logística e Transportes e da Reconstrução Gaúcha, o encontro reuniu lideranças empresariais, representantes de entidades e gestores públicos em torno de um objetivo comum: propor soluções concretas e sustentáveis para o desenvolvimento logístico do Estado.
Na abertura, o presidente do SETCERGS, Delmar Albarello, destacou que a infraestrutura é o alicerce da competitividade.
“Uma empresa só cresce se tem infraestrutura montada. Sem isso, o custo fica muito alto. Nós, do SETCERGS, somos totalmente favoráveis à multimodalidade — o trem, o avião e o navio têm papéis fundamentais —, mas o caminhão sempre terá protagonismo, porque é ele que faz a primeira e a última milha”, afirmou Albarello, reforçando o papel da entidade na campanha Tudo Gira Sobre Rodas, que valoriza o transporte como motor da reconstrução econômica do Estado.
A programação seguiu com a apresentação técnica da INFRA S.A., responsável pelo diagnóstico e atualização dos dados do PELT-RS, e abriu espaço para um amplo debate entre os participantes. O secretário adjunto da Secretaria Estadual de Logística e Transportes, Clóvis Garcez Magalhães, salientou que o encontro teve caráter propositivo e técnico.
“Nós estamos em um encontro de trabalho, efetivamente. Não é um evento festivo, nem comemorativo — é um espaço que se propõe a discutir os desafios do Rio Grande do Sul. O trabalho que estamos conduzindo, sob orientação do governador Eduardo Leite, tem como propósito central recuperar a competitividade do Estado, gerar renda e melhorar a qualidade de vida de todos os gaúchos”, destacou.
Entre as manifestações do setor produtivo, Miguel Evangelista, responsável pelas Relações Governamentais e Aduaneiras da Rumo, apontou que a revisão do modelo ferroviário é um ponto crucial.
“O contrato atual se encerra em 2027, e este é o momento de pensar estrategicamente sobre o papel das ferrovias. Se o Brasil quiser de fato se desenvolver, o Rio Grande do Sul precisa recolocar o transporte ferroviário em posição de destaque”, afirmou.
O empresário do setor de transporte, Luis Carlos Stefani, reforçou a necessidade de uma visão de longo prazo para as concessões rodoviárias. “Precisamos prever concessões de 30 anos, com planejamento e segurança jurídica. O custo de construção está muito alto, e o excesso de tributos desestimula o investimento. O Estado deve canalizar os recursos para modernizar as estradas e garantir mobilidade e competitividade”, avaliou.
Na mesma linha, Moisés Santos, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Carazinho e Região, lembrou que a infraestrutura é motor de desenvolvimento regional. “Uma rodovia duplicada traz empregos, qualidade de vida e crescimento”, destacou.
O representante do Conselho de Infraestrutura da FIERGS, Sérgio Klein, destacou a necessidade de transformar planos em ação. “Nós estamos desconectados do resto do país pelas ferrovias. É preciso atualizar o PELT e colocá-lo em prática, aproveitando o conhecimento técnico local para que não seja apenas mais um documento”, afirmou.
Também participaram Antônio Carlos Bacchieri Duarte, da Federasul, que defendeu a conclusão de obras inacabadas como prioridade, e Valdir Carpenedo, empresário que alertou para o risco de bons projetos permanecerem no papel. “Por melhor que seja o planejamento, se não for implementado, não tem valor algum”, observou.
O presidente do Sindicato dos Ferroviários, João Caleghari, alertou para a desativação de trechos importantes da malha ferroviária. “Desde o início deste ano, esse trecho está completamente sem atividade, e o que nos preocupa é que equipamentos estão sendo retirados e desmontados. Essa perda representa um retrocesso enorme para o transporte ferroviário e para o Estado”, pontuou.
Na sua manifestação, o representante da Farsul, Fabio Avancini, lembrou a importância do olhar para estradas vicinais, essenciais para o setor do agro.
“Grande parte das estradas vicinais é de responsabilidade dos municípios, e esse olhar precisa ser reforçado. Algumas prefeituras conseguem manter uma boa estrutura, mas a maioria enfrenta dificuldades. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil apresentou, há cerca de 20 dias, um estudo sobre a malha vicinal nacional que pode servir como referência importante. Embora eu não concorde com todos os números apresentados para o Rio Grande do Sul, o documento oferece um norte e pode ajudar na definição de prioridades e políticas mais eficientes para o setor”, destacou.
Paulo Menzel, empresário do setor de transporte, defendeu um olhar antecipado para a governança e não deixar esse tópico como último da listagem apresentado no planejamento.
O encerramento oficial contou com a presença do vice-governador Gabriel Souza, que destacou a importância do PELT-RS como instrumento estratégico para o desenvolvimento logístico e econômico do Rio Grande do Sul.
A iniciativa contou com o apoio do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Rio Grande do Sul (SETCERGS) e realização do Governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual de Logística e Transportes e do Plano Rio Grande.