
Evento da Federasul reuniu juristas e lideranças empresariais para analisar cenário político e jurídico no Brasil
A Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) promoveu, nesta quarta-feira (13/08), em sua sede, mais uma edição do “Tá na Mesa”, desta vez com o tema “Riscos à Democracia”. O encontro reuniu personalidades do mundo jurídico e empresarial para analisar o atual contexto político, os desafios à liberdade de expressão e o papel das instituições no país.
Participaram do painel Cláudio Lamachia, ex-presidente da OAB do Brasil e Ricardo Gomes, advogado, professor, apresentador do programa Magna Carta na plataforma Brasil Paralelo, ambos integrantes do Conselho Consultivo do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga no Rio Grande do Sul (SETCERGS). Também participou José Fernando Gonzalez, professor de Processo Penal da Universidade Federal de Pelotas, promotor de Justiça aposentado e advogado criminalista.
O presidente da Federasul, Rodrigo Sousa Costa, fez uma avaliação crítica sobre o momento atual.
“Vejo muitos jornalistas com medo de se manifestar como faziam há cinco ou dez anos. Hoje, para mim, não vivemos uma democracia plena. Não chegamos a ser uma Venezuela ou uma ditadura, mas estamos, sim, sem pudor de violar a Constituição”, afirmou, destacando que tanto discursos de direita quanto de esquerda têm sido usados para manter privilégios ou atacar opositores.
Entre as lideranças presentes, o presidente do SETCERGS, Delmar Albarello, acompanhou o debate como convidado e destacou a relevância do tema para o ambiente de negócios.
“Discutir riscos à democracia e estabilidade institucional é fundamental para todos os setores, especialmente o transporte de cargas, que depende diretamente de previsibilidade e segurança jurídica para seguir investindo e gerando empregos”, observou.
Cláudio Lamachia relembrou sua trajetória à frente da OAB e ressaltou que o combate à corrupção continua sendo um grande desafio.
“Acreditei que o Brasil pudesse vencer a corrupção, mas hoje vivemos uma guerra ideológica e uma polarização intensa”, avaliou.
José Fernando Gonzalez chamou atenção para a crescente centralidade do processo penal no debate público.
“Na época da faculdade, o processo penal não tinha a projeção que tem hoje. Hoje é pauta diária nos principais telejornais”, afirmou.
Já Ricardo Gomes analisou o enquadramento jurídico de recentes acontecimentos no país.
“Houve a cogitação e o planejamento de um possível golpe de Estado. No Brasil, não se pune atos de mera cogitação ou preparação — apenas a execução. É difícil sustentar que este processo entregue plenamente o que a Justiça deveria oferecer ao povo brasileiro”, concluiu.